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Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase: crianças podem ter a doença?

Dia Mundial de Combate e Prevenção da HanseníaseO Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Apesar da maior parte dos casos da doença ser identificada entre adultos, ela pode sim atingir crianças. Mas o que causa a hanseníase nos pequenos? Em 26 de janeiro, quando é lembrado o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase, a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR), junto com a instituição parceira Hospital Pequeno Príncipe, apresenta informações essenciais sobre a enfermidade.

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo transmitido por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, em espirros ou tosse. Segundo a médica Flávia Costa Prevedello, do Serviço de Dermatologia do Pequeno Príncipe, o contágio pode ocorrer por causa da convivência prolongada com um adulto que tenha a doença e não esteja fazendo tratamento.

“Se uma criança com menos de 15 anos tem hanseníase, isso ocorre normalmente porque um adulto doente está transmitindo a doença. Nas crianças, as formas de hanseníase tendem a ser mais brandas, mas, às vezes, podem evoluir para alterações neurológicas se elas não fizerem o tratamento”, ressalta a dermatologista pediátrica.

Atenção aos primeiros sinais da hanseníase

Nesse sentido, é preciso ter atenção para identificar os primeiros sinais da hanseníase e, então, buscar ajuda profissional. “A doença se manifesta na pele e no sistema nervoso periférico e causa manchas, que podem ser avermelhadas ou esbranquiçadas. Nessas regiões, a pele pode ficar mais seca, e o principal sintoma é a alteração da sensibilidade no local”, pontua ela.

“Como a hanseníase é uma doença de notificação compulsória, há centros específicos para o tratamento de crianças. Uma vez diagnosticado, o paciente é encaminhado para um centro de referência. Nesses locais, a família receberá a cartela de medicamentos indicada para a faixa etária da criança”, completa.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico para a hanseníase é feito por suspeita clínica, com a análise da lesão de pele que apresenta alteração de sensibilidade. De acordo com Flávia, primeiramente é verificado se o paciente tem alteração na percepção do calor. Além disso, é analisado se ele consegue perceber a dor ou uma pressão no local da mancha.

Quando necessários, exames complementares são solicitados pelo médico, como a baciloscopia ou a biópsia de pele. “Para isso, um fragmento de pele é retirado para ser analisado e, assim, verificar a presença de inflamação, identificar o bacilo e se há comprometimento perineural [ao redor de um nervo]”, explica. Por meio do Laboratório Genômico, o Pequeno Príncipe está apto para fazer os exames de anatomopatologia ou citologia dos bacilos de Hansen. Já os exames de baciloscopia são realizados nas unidades de saúde de referência.

Como é o tratamento da hanseníase para crianças

Segundo a dermatologista, o tratamento de crianças é realizado da mesma forma como é conduzido com pacientes adultos, inclusive com o uso dos mesmos medicamentos. O esquema de tratamento para a hanseníase é feito com a poliquimioterapia única, que é uma combinação de dois antibióticos – a rifampicina e a dapsona – e um anti-inflamatório – a clofazimina.

Os remédios são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o tratamento pode durar de seis meses a 12 meses, dependendo da forma da hanseníase. “O que muda em relação aos adultos é a dose dos medicamentos, que varia de acordo com a faixa de peso do paciente. Para crianças muito pequenas, por exemplo, esses remédios são receitados em dose líquida”, afirma.

Hanseníase tem cura

Por fim, é importante ressaltar que a hanseníase tem cura e que o paciente para de transmitir a doença após o início do tratamento. “Nos anos 1970, não tinha um tratamento eficaz para a hanseníase e o paciente era isolado do convívio familiar. Por isso, havia estigma em relação às pessoas com a doença. Mas hoje temos um outro momento da hanseníase, pois há tratamento e a pessoa não precisa mais ser isolada. O paciente que tem o diagnóstico vai ser tratado e vai se curar”, conclui a médica.

Panorama da hanseníase no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde, somente no período de janeiro de 2022 a janeiro de 2023, o Brasil registrou 22.773 casos novos de hanseníase, o que representa um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Entre os pacientes com até 15 anos, foram 958 casos novos no país – um crescimento de 14,6%. O Paraná foi o estado da Região Sul com maior número de registros da doença: 463 casos novos, sendo quatro em pacientes com menos de 15 anos.

Dados parciais mostram que o Brasil teve 14.470 casos novos de hanseníase de janeiro a setembro de 2024, sendo 555 em crianças e adolescentes com menos de 15 anos. No Paraná, foram identificados 265 casos novos da doença no mesmo período, sendo um em paciente com menos de 15 anos.

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